Acordo com o corpo dorido. Como se tivesse despertado de um sonho demasiado real. Como se umas mãos, enormes e pesadas, não me tivesse atingido a cara, abrindo caminho até ao osso, rasgando pele e cortando carne. Olho em meu redor e tento perceber onde estou. O coração acelera quando me tento mexer e não sou capaz. No meio de um barracão poeirento e desarrumado, estou prostrado numa cadeira de metal -velha e ferrugenta-, mãos e pés atados, conseguindo apenas mexer a cabeça – latejante e cambaleante –, a boca amordaçada com um pano com um sabor a sangue e suor. A juntar à escuridão, apenas cortada pela fraca luz que passa pela finas frestas daquelas paredes de madeira, um silêncio sepulcral tortura-me mais do que mil tambores a rufar em uníssono dentro dos meus ouvidos. Os meus olhos pouco mais me deixam vislumbrar do que aquilo que veria ao espreitar por uma fechadura com a chave lá dentro, de tanta pancada que levaram. Com força, fecho essa nesga a que chamo de olho, numa tentativa de voltar a adormecer, de voltar àquele sonho onde a dor não residia nem no corpo nem na mente.
Desperto de novo até à realidade. Desta vez, acordando com o som estridente de metal a bater em metal. A porta aberta deixa-me vislumbrar, a contraluz, a silhueta de um homem debruçado sobre uma bancada repleta de ferramentas. À medida que me vou habituando à claridade, o meu coração acelera descontrolado e o pânico cresce, ao ver o que me rodeia: caveiras, muitas caveiras. Umas humanas, outras de animais. Fecho os olhos durante uns segundos. Talvez isto seja só um sonho. Reabro-os e sei, definitivamente, que apenas sou parte do sonho de um qualquer tresloucado. Ao ouvir tossir, olho de novo para aquele homem – baixo, gordo e ligeiramente corcunda –, que segura uma enorme faca numa das mãos. Dirige-se na minha direção e baixo a cabeça, evitando olhar para aquela figura grotesca. Quando chega perto de mim, usa a ponta da faca para me levantar a cabeça e me olhar nos olhos. A sua cara é um amontoado de cicatrizes. Aproxima a sua cara da minha e sinto o seu hálito pútrido quando me sorri e lhe vejo uma boca de escassos dentes, todos eles partidos e podres. Quando me faz o primeiro golpe no peito e o sangue escorre até ao meu colo, solta uma gargalhada vencedora, enquanto o meu grito mais não é do que um gemido, constrangido pela mordaça que ainda tenho. Não sei porque aqui estou, mas sei o meu destino: ser, apenas, mais uma destas caveiras que repousam nas paredes.
Hmm... Muda lá de tema. Creepy.
ResponderEliminarQue tema queres?
EliminarNão gosto de caveiras. Ao menos se tivesse um bigodinho nao ficava tao creepy :P
ResponderEliminarhahaha se calhar, se procurar bem na net, devo conseguir encontrar uma caveira com bigode! :D
EliminarMust, tu não podes ver filmes de terror antes de ires para a cama! Tssssstttttt
ResponderEliminarO problema é que não preciso ver filmes de terror para me lembrar destas coisas.. :p
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