Capitulo I
Capitulo II
Capitulo III
[Senhores passageiros, o comboio que dará entrada na linha dois, com destino a Ash, irá até Tak. Devido à neve este comboio pemanecerá estacionado por tempo indeterminado. Pedimos desculpas pelos incómodos causados.]
Eram 23:15 e tinha finalmente chegado à estação onde L. me esperaria. Quando a porta da carruagem se abriu e senti o bafo gelado daquela noite, o meu coração dividiu-se. Queria que L. tivesse esperado por mim, por outro lado, queria que ela tivesse ido para casa. Meti um pé fora da carruagem e este enterrou-se, até aos atacadores, na neve. Apertei o cachecol no pescoço e segui vagarosamente em direção à sala de espera da estação. Ao chegar, olhei em volta e não vi ninguém. As lágrimas começaram a querer soltar-se.
Andei mais uns passos e foi então que, atrás de um pilar, sentada perto de um aquecedor, a vi. O meu coração parou de bater por milésimos de segundo - tenho a certeza disso -, as pernas ficaram hirtas e senti como que um choque elétrico a percorrer todo o meu corpo. Fechei os olhos com força e voltei a abri-los. Queria ter a certeza que não era apenas a minha imaginação que me mostrava L., ali, à minha frente. Aproximei-me, a passos curtos e nervosos, dela. Ela ainda não me tinha visto, ainda não me tinha ouvido, estava com a cabeça virada para o chão. E daí, talvez já me tivesse pressentido, mas tal como eu, estivesse demasiado nervosa para levantar a cabeça. Quando cheguei perto dela, apenas disse o seu nome baixinho, "L....". O seu corpo estremeceu ao ouvir a minha voz, levantou a cabeça muito devagar, os olhos marejados de lágrimas, agarrou-se ao meu casaco e chorou. Chorou pelo que ainda não tinha chorado e chorou por me ter ali. Vi as suas lágrimas caírem nas suas mãos, que depois escorriam por elas abaixo, caindo no chão desamparadas, desfazendo-se em outras minúsculas gotas.
Depois deste momento, sentei-me a seu lado, de frente para o aquecedor. Ela tinha trazido uma cesta com alguma comida, seria para o nosso jantar, mas agora serviria igualmente bem para a nossa ceia.
- Está delicioso, L.!
- A sério? Não passa de um simples chá OOlong.
- Chá Oolong? Acho que é a primeira vez que bebo este chá.
- Não pode ser. Já deves ter bebido antes. A tua mãe fazia-o tantas vezes.
- A sério?
- Sim. E quando bebermos este, tenho aqui outro. Não fui eu que o fiz, por isso não te posso dizer se estará bom de sabor ou não, mas... E por favor, come também alguma coisa.
- Obrigado! Estava mesmo cheio de fome!
- Que tal está?
- É a coisa mais deliciosa que já comi até hoje!
- Oh! Estás a exagerar!
- A sério...
- Isso é porque estavas cheio de fome!
- Achas?
- Sim, tenho a certeza. Eu também vou comer alguma coisa que tenho fome. Vais mudar de casa brevemente, certo?
- Sim... daqui por duas semanas.
- C., é mesmo muito longe...
- Sim...
- Mas onde estou agora também é muito longe.
- De facto, é tão longe que já nem podes voltar hoje para casa.
- Meninos, vou fechar a estação dentro de alguns minutos. Já não circulam mais comboios hoje.
- Ah. Ok, senhor.
- E tenham cuidado na rua porque tem estado sempre a nevar muito.
- Sim, teremos.
Arrumámos as coisas e saímos para a rua. A neve tinha acalmado a sua descida dos céus e até sabia bem receber os flocos nas nossas faces descobertas. L. correu à minha frente e eu atrás dela, tal como fazíamos quando éramos apenas duas crianças, sem preocupações e juntas a toda a hora. Quando a alcancei, olhámos para trás e vimos as nossas pegadas marcadas na neve, que se mantiveram intactas durante bastante tempo. Era impossível não pensar que queria que as nossas pegadas fossem para sempre assim, juntas, vincadas no tempo e... sempre lado a lado.
- H., consegues ver ali ao fundo? Aquela árvore enorme.
- É a árvore da tua carta?
- Sim. A cerejeira.
Quando chegámos perto dela, parámos a contemplar a imensidão daqueles ramos, desnudos de flor e cobertos de uma fina camada de neve. L. estendeu as mãos e alguns flocos caíram sobre elas.
- Hey, H., de alguma forma, não parecem as pétalas da cerejeira?
- Sim, parecem.
E ficámos parados a olhar um para o outro, ambos com um intenso brilho nos olhos e o mesmo pensamento em mente. As nossas cabeças foram-se aproximando uma da outra, à medida que os nossos olhos se iam fechando, até que os nossos lábios se tocaram pela primeira vez. Naquele preciso momento, na intemporalidade da eternidade, amor e almas nasceram, de forma nítida, para mim. Foi como se, agora, entendesse tudo aquilo que me tinha acontecido na vida nestes últimos quinze anos e... tudo o que ainda estava para vir. Apertei as mão e senti-me imensamente triste. O calor do corpo de L., a sua alma, como é que eu deveria trata-los, até onde é que os poderia levar? Era algo que não podia responder. Apenas sabia, e compreendia perfeitamente, que não poderíamos estar juntos para sempre depois disto. As vidas que teríamos pela nossa frente, o tempo que inevitavelmente iria passar sobre nós, estendia-se à frente dos meus olhos. Mas, todas estas preocupações desapareceram no preciso momento em que as pensei. Depois disso, somente os ternos e quentes lábios de L. permaneceram. Após o beijo abraçamo-nos. Abraçamo-nos forte e longamente, como se quiséssemos que este momento nunca mais terminasse.
Naquela noite, e por querermos estar juntos, ficamos numa pequena casa de madeira abandonada, à beira de um lago. Dividimos uma velha manta que lá encontrámos dentro e conversámos durante madrugada fora. Antes que nos apercebêssemos, estávamos a dormir. Pela manhã, e depois de acordarmos, voltámos para a estação para apanhar o comboio que me iria levar de novo para casa, de novo para longe de L.. Iriamos de novo ficar separados.
- Uhm... H... H, tu... vais ficar bem a partir de agora, eu sei que vais!
- Obrigado. L, eu sei que também ficarás bem! Continuaremos a escrever cartas um ao outro e teremos sempre o telefone para falar!
Estas palavras foram ditas já com o comboio a iniciar a sua marcha, gritava do lado de dentro, para uma L. que a pouco e pouco se transformava num pequeno ponto vermelho naquela imensidão branca. Nunca lhe contei que tinha perdido a carta que tinha para lhe entregar. Pensei se toda aquela sua hesitação na hora da despedida fosse por me querer dizer alguma coisa que também não foi capaz. Teria também ela uma carta para me entregar? Não sei. Sei que depois daquele beijo, foi como se tudo no mundo tivesse mudado. Desejei poder protegê-la com todas as forças do meu ser. Encostei a cabeça ao vidro, observando a paisagem branca pela janela e, como sempre, pensei nela. Adeus L., quem sabe, um dia, voltaremos a estar juntos.
= Fim da primeira parte =
(continua...)
Bom saber que por aqui continuamos na mesma, textos gigantes. :P
ResponderEliminarMaurice di mi corazón!!
EliminarSabes que pensei em ti todos os dias? :)
Agora, lê a história toda e opina sem ser acerca do tamanho dos textos - que como já sabes, é imagem de marca! :)
Isto fica uma grande confusão, porque a malta esquece o que já leu e torna-se difícil seguir a história.
ResponderEliminarPorra, andas a escrever o guião para uma novela da TVI? Ahahah
Eu brevemente meto esta primeira parte toda numa página só para esse efeito.. depois podes lá ir ler tudo de uma assentada! :D
EliminarSe fosse guião para novela da tv portuguesa, já tinha que ter matado 2 gajos, haver um losango amoroso e duas familias em guerra. hehehe
Epahhh... estive de férias e perdi a novela. Coloca lá tudo numa página que é mais fácil.
ResponderEliminarJá está.. Uma página com o nome Love is timeless! :)
EliminarA brincar que o digas.poderia mesmo dar o argumento de uma série:)
ResponderEliminarBeijinho
Quem sabe um dia, alguém me descobre e me faz uma proposta para algo mais sério.. :)
EliminarDe todos os capitulos, este (não sei explicar porquê) foi o que gostei menos... Gostei na mesma, claro... Mas menos!
ResponderEliminarSe calhar não consegui transmitir a intensidade que queria, tanto da chegada, como do beijo, como da partida. :)
EliminarMas ainda bem que gostaste, mesmo assim. :)
E lá vou eu continuar a imaginar como será o fim da tua história :)
ResponderEliminarÉ ires passando por aqui de vez em quando.. :)
EliminarDo alto da minha critica literaria: podias ter aprofundado a coisa, mostrar sem deixar nada de fora, obrigar o leitor a voltar por mais! Mas o conteudo esta la todo e gostei! Esta é mm a unica critica que te aponto bigodes ;)
ResponderEliminarA história não acabou, apenas a primeira parte, e não posso revelar mais do que isto que mostrei. Ou não ficaste com vontade de cá vir saber se eles voltarão a estar juntos? :)
EliminarAponta e critica que eu gosto e quero que o façam!: D