Capitulo II
[Senhores passageiros, devido à neve, este comboio circula com um atraso de cerca de quinze minutos. Pedimos as nossas mais sinceras desculpas a todos os passageiros que desejam apanhar o comboio.]
Estava de novo em movimento. Assim que deixámos a estação de Oo para trás, num piscar de olhos, a paisagem começou a aplanar e os prédios a desaparecer. Olhei para o relógio e faltavam cinco minutos para as 18horas, a uma hora da hora combinada com L..
[Próxima paragem: Kuk, Kuk. Senhores passageiros, pedimos desculpa pelo atraso com que chegámos a esta estação. Os passageiros que se desejam apanhar a linha para Tou, por favor utilizem a saída número dois. Informamos ainda que, devido ao atraso do próximo comboio, este comboio permanecerá na estação durante cerca de 20minutos. Pedimos desculpa pelos problemas e incómodos que estes atrasos estejam a causar, mas agradecemos que esperem mais uns instantes nesta estação.]
Ao fim de dezassete minutos o comboio voltou finalmente a andar. Eu, nada mais podia fazer do que olhar pela janela e ver a paisagem cada vez mais escura.
O tempo que o comboio demorava entre cada uma das estações era incrivelmente longo, e o tempo que ficava parado em cada uma delas, uma eternidade. O horizonte infinito do Inverno que se via através da janela, os minutos a passarem, a fome que se instalava, o encontro prometido que vinha e ia, tudo isto, a pouco e pouco, enfraqueciam o meu coração. Eram 19h, a hora marcada por nós, e ainda tinha seis estações para percorrer. Neste momento, L. deve ter começado a preocupar-se com a minha demora.
Naquela noite, naquela noite recebi a tal chamada. O não ter conseguido dar uma palavra de conforto a L., ainda que estivesse inundada de uma tristeza maior do que minha, é algo que me envergonha. Deveria ter sabido o que lhe dizer, deveria saber as palavras certas para a acalmar. A sua primeira carta chegou até mim passado pouco mais de meio ano. Lembro-me de tudo o que ela lá escreveu, de todas as palavras. Uma semana antes da data combinada, escrevi uma carta que lhe entregaria pessoalmente. Escrevi coisas que não tinha coragem de lhe dizer, coisas que não queria que ela ouvisse e que, na verdade, eram tantas. Só não sabia se as conseguiria pronunciar.
[Senhores passageiros, em breves instantes, este comboio retomará a sua viagem até Ut. Mais uma vez, pedimos desculpa por quaisquer transtornos causados.]
[Koy, Koy.
Chegámos à estação de Koy. Os passageiros que desejem apanhar o Comboio-rápido da linha Tou, é favor fazerem a transferência nesta estação. Os passageiros que desejem o Comboio-rápido da linha Tou, com ligação a Mao, é favor utilizarem a plataforma quatro. Os passageiros que desejem apanhar o comboio com destino a Toq, é favor utilizarem a plataforma sete.]
[Senhores passageiros, pedimos a vossa atenção, por favor. Devido à neve, a linha de Ryo está com uma demora considerável. Pedimos que aguardem pelo comboio dentro da estação. As nossas desculpas pelos incómodos causados.]
Apesar de todas estas demoras, eu nada podia fazer a não ser aguardar e ir ter à estação onde L. me aguardava. Eram 19:43 e a fome e sede começaram a ser demasiado incomodativas para as ignorar. Não comia nada desde o almoço e a angústia e nervosismo da viagem aumentaram ainda mais o meu apetite. Fui até uma das máquinas de comida da estação para comer algo. Foi então que, ao tirar a carteira do bolso do casaco, a senti fugir, a escapar-me pelos dedos. A carta que tinha escrito a L. caiu e só a consegui ver a desaparecer pela escuridão, levada pelo vento. Fiquei estático a olhar para o vazio, para a neve que caia, enquanto senti a visão a ser toldada pelas lágrimas que me escorriam cara abaixo.
Passados alguns minutos o comboio chegou e, quando a viagem recomeçou, ainda os olhos me ardiam de tanto chorar.
[Senhores passageiros, a vossa atenção por favor. Devido à tempestade que se faz sentir, teremos que efetuar algumas paragens periódicas e por tempo indeterminado. Até este momento, não sabemos informar quando é que o serviço será totalmente restabelecido. Pedimos desculpa pelos incómodos causados. Repito: devido à tempestade que se faz sentir, teremos que efectuar algumas paragens periódicas e por tempo indeterminado. Até ao momento…]
“As aulas começam sempre muito cedo pela manhã. Por isso, aproveito a viagem de metro para te escrever esta carta.”
Sem nenhuma razão aparente, a L. que eu imaginava pelas cartas, era uma rapariga solitária. Imaginava-a a fazer as viagens e a olhar pela janela, sempre perdida nos seus pensamentos e, acima de tudo, sem nenhum outro rapaz perto dela.
De repente, o comboio desligou os motores, parando ali, sem qualquer tipo de som, durante praticamente duas horas. Cada minuto que passava parecia uma eternidade. O tempo, que claramente via em toda aquela situação maléfica uma oportunidade de se rir de mim, corria lentamente sobre a meu corpo. Cerrei os dentes e tentei a todo o custo conter as lágrimas. L., por favor... simplesmente... volta... volta para tua casa agora!
(continua...)
Agora que li os capitulos anteriores,fiquei curiosa... quero mais.
ResponderEliminarbeijinho
Se conseguir, esta semana ponho novo capitulo! :)
EliminarBeijinho
eu só li este mas já deu para querer mais continua (:
ResponderEliminarOlá Nidia,
EliminarNão perdias nada em ir ler os outros dois capitulos. Ajudar-te-á a entender melhor a história. :)
Aiiiiii quero saber o resto!!! a L. espera por ele na estação? ali triste só e abandonada.. gelada????
ResponderEliminarComo se dizia no Dragon Ball: Por isso não percam os próximos episódios, porque nós também não!
Eliminarhahaha
Tem tudo para acabar mal. O que não é necessariamente mau...
ResponderEliminarPS- fantástico o momento em que deixa fugir a carta. Muito bem transmitido.
Tenho aí um final pensado, mas isto e tipo "go with the flow".. É para onde tiver virado.. :D
EliminarObrigado :)
Eu não quero saber se a L. espera por ele. Eu quero saber se o H. é capaz de lhe DIZER o que lá estava escrito.
ResponderEliminarDuas coisas:
Eliminar1- Terás que esperar para saber se ele o diz;
2- Poderás NUNCA saber o que estava escrito naquela carta que o vento levou.
:) E vê lá se acabas as férias e voltas a escrever histórias catitas e a lançares desafios! :D
Num bales nadinha :c claro que vou saber o que está escrito naquela carta *.* pleeeaseeeee :$
EliminarVou ter em atenção esses olhinhos de asterisco quando tiver a escrever mais.
EliminarMas não me parece que estejas com sorte... Mas às vezes, há atos que são melhores que palavras.. Porque está visto que palavras, leva-as o vento.. :p
Correcção: quando EStiver a escrever mais.
EliminarE muito agradecida pela atenção :D
Ansiosamente à espera :p
as korrexões de gramatika xingemse aos textox exkritus e ñ aos kumentariux!
Eliminarhahahaa
Vou ter em conta essa informação na próxima ;)
EliminarMas no texto, alguma coisa a assinalar?
EliminarFalo a sério, se os vires, avisa-me. Sabes que isto às vezes ao fim de ler muitas vezes a mesma coisa, já não se vê nada! :D
No texto nada a assinalar ;)
Eliminaryaaaay cheers! :)
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