quarta-feira, 17 de julho de 2013

Numa manhã de maio..


Finalmente tomei-a nos meus braços. Senti o seu abraço apertado a envolver-me o pescoço. A sua face de encontro à minha. Por ser mais baixa do que eu, os seus pés pairavam a dez centimetros do chão. Também eu a abracei de forma igualmente intensa. Há muito que esperávamos por este abraço. Os seus pés assentaram no chão e, por isso, ergueu a cabeça para me olhar nos olhos. Sorriu e fechou os olhos enquanto os meus lábios se aproximavam dos dela. Foi o libertar de um beijo que esteve preso demasiado tempo. 

Seguimos pelo caminho ladeado por frondosas árvores que projetavam a sua sombra até chegar ao outro lado da estrada de areia. A conversa fluiu de forma natural e sem constrangimentos. Sonhos, desejos, medos, passado, presente e futuro marcaram o ritmo da conversa. Seguíamos a um passo lento, tão lento que nem os pássaros se assustavam com a nossa passagem. As palavras que nos saíam da boca eram quase murmúrios, como se tivéssemos medo que nos pudessem roubá-las. 

Tínhamo-nos conhecido por um acaso qualquer através da internet, no facebook, depois de, numa foto de um amigo comum, termos trocado uns comentários. Tinha sido ela a tomar a iniciativa de começar uma conversa em privado e, desde então, nunca mais parámos. Passou-se um ano até que, finalmente, decidimos encontrarmo-nos pessoalmente. Viria ela ter comigo a Lisboa. Aproveitaríamos para passear e conhecer a cidade. O sol começou a desaparecer e a lua que já há muito tempo que se via no céu, brilhou pela primeira vez durante aquele crepúsculo. Perguntei-lhe se tinha fome, disse-me que não e seguimos viagem até minha casa, agora a um passo mais acelerado. 

Chegados lá, voltei a tomá-la nos meus braços, de forma mais intensa e efusiva. Beijei-a apaixonada e calorosamente. Ela respondeu a todo este ímpeto, sussurrando o meu nome ao meu ouvido. Entre abraços e beijos, levei-a até ao meu quarto. Entre caricias e suspiros, as roupas ficaram espalhadas pelo chão. Entre desejo e entrega, fizemos amor. Depois adormecemos, a sua cabeça no meu ombro e a sua mão no meu peito.

O sol que entrava pelos estores semicerrados acordou-me. Olhei para o lado e encontrei uma cama vazia, uma almofada desocupada. Saí da cama e no chão do quarto não havia roupa espalhada. Entrei na sala e fui recebido apenas pelo Faisca, o meu gato. Preparei uma chávena de café e coloquei-lhe um pouco de açúcar. Abri as janelas da varanda e apoiei-me nas grades, apreciando a bela vista que tinha sobre o rio Tejo e aquela ponte de metal vermelho. Dei um gole no café, inspirei fundo e exalei, pela boca, uma nuvem de vapor quente que contrastava com o frio que se fazia sentir naquela manhã de maio. Olhei para o sol, fechei os olhos e pensei que um dia aquele sonho seria uma realidade.


23 comentários:

  1. Esperemos que sim :)

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  2. Gostei muito ;) romântico ;)

    Beijinho

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  3. Estou a ver que anda inspirado, o senhor Mustache. Agora é só fazeres com que a coisa passe do sonho à vida real. Coisita simples... ;p

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    1. Ando com umas ideias, ando. :)
      É do calor..
      Às vezes, ficarmo-nos só pelo sonho já não é nada mau ;)

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  4. As saudades que eu tinha dos teus contos romântico-eróticos!! :) Mais a sério, tinha mesmo. Podias pensar, seriamente, em compilar alguns. Vai por mim!

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    1. Este teve pouco de erótico, mas acho que foi romântico. Quem sabe num próximo conto..

      Obrigado, mas a qualidade ainda é fraca. Tenho que melhorar muita coisa ainda. :)

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  5. aiiiiiiiii(suspiro)
    não posso vir aqui muitas vezes, ainda corro o risco de me apaixonar :))
    (belo texto Mustache)

    *beijo*

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    1. E há coisa melhor do que uma pessoa estar apaixonada? ;)

      (obrigado!)
      ***

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  6. Anónimo12:42:00

    Um sonho assim devia tornar-se realidade :)

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    1. Mas sonhar é bom, e em alguns casos, a realidade pode destruir o sonho como ele era..

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    1. Um dia.. :)

      (a ver se tenho tempo para os teus finais!!)

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  8. nao me entendas mal.. eu gosto destes teus textos mas... andas mt romantico.. k é feito do Musta que conheci há uns tempos?

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    1. Amanhã explico. Mas desde que gostes do que lês, fico contente! :D

      O Musta que conheces-te continua aqui. :)

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  9. Gostei do texto romântico.
    Há sonhos que merecem quem lhe demos continuação, real ou ficção não interessa.
    Um dos meus mais belos textos, tem por base um sonho que tive. E faz parte de uma colectânea já publicada.
    Vamos ter um texto romântico todos os meses??!! eheh
    Beijo

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    1. Obrigado.
      Sim, há sonhos em que temos que os continuar, seja no mundo real ou no mundo da fantasia.

      E onde posso ler esse texto?

      Teremos um texto romântico sempre que eles me surgirem na mente. :)

      Beijinho

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  10. *suspiros* estes episódios com teor de romantismo elevado dão cabo de mim. No bom sentido claro! Por vezes apanho-me a sonhar acordada com episódios deste género, e é tão bom... :)

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    1. Também acho que sim!
      Sonharmos com o que gostamos, com o que idealivamos, com o que queremos que um dia aconteça. Faz-nos bem ao corpo e à mente! :)
      E, a sonhar, podemos fazer tudo! ;)

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    2. Tudinho, sem limites. É das melhores vantagens de sonhar, sem duvida... ;)

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  11. Já aqui não parava há algum tempo e pensei por instantes que me tinha enganado na porta :p

    Muito bem muito bem, bonito sim senhor! Estou a falar a sério ^.^ Essa inspiração e essa criatividade têm para onde crescer!

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    1. haha não, não te enganaste na porta. É mesmo a casa do Mustache :)
      Só que agora está numa fase um pouco diferente. Eu sou como as estações do ano, vou variando ao longo do tempo.. :)

      Muito obrigado. Sim, estou a tentar que cresça ainda mais com estes pequenos contos. :)

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