Já dizia o senhor Murphy quando escreveu as suas leis que: se alguma coisa pode correr mal, ela vai mesmo correr mal." Mas deve ter colocado ali uma pequena nota do estilo "Mas se for para correr mal ao Mustache, então que corra mesmo muito, muito mal."
"Mas Mustache, porque dizes isso?"
Tudo começou na terça-feira, quando chego ao trabalho e me dizem que tenho que ir fazer uma marcação de um trabalho. Tudo bem, até saber que era em Valença do Minho. São 4 horas de viagem até lá, outras 4 horas de viagem de regresso. Uma vez que um dia de trabalho tem 8 horas, só por isto já tinha que fazer horas extra. Mas pronto, a coisa bem vista dava para ir logo cedo, fazer o trabalho e ainda regressar a horas de jantar. Ficou decidido que ia na quarta-feira. Mas, durante o dia de terça, ia sempre chegando mais coisas para fazer lá, a pedido do cliente. Ao final do dia, tinha atnta coisa para fazer que já mal conseguiria fazer tudo no mesmo dia. Para o conseguir, nada podia correr mal. Mas este começo não era promissor.
"Então e a viagem, correu bem?"
Nem por isso. O carro da empresa que me deram não estava atestado, pelo que tive que o fazer na primeira estação de serviço da GALP que encontrei. Acreditem ou não, mas todas as bombas de gasóleo, à exceção de uma, estavam fora de serviço. E claro que todos os carros queriam meter gasóleo. Ao fim de 6 carros e 20 e tal minutos depois, lá consigo abastecer.
"Ok. Mas e quando lá chegaste? Foi chegar, ver e vencer?"
Isso é uma pergunta parva tendo em conta o titulo e o desenrolar deste post. Assim que lá cheguei, os operários foram logo almoçar (eram 12:30) deixando-me ali sozinho, na berma do IP1 a marcar no terreno os próximos trabalhos. Como tinha que me afastar do carro, fechava-o sempre que o fazia. Nisto, estou com a bagageira aberta quando me ligam da sede "Ah e tal, afinal há mais trabalhos para marcar, que o cliente enviou agora.", "Mas assim não sei se consigo fazer tudo hoje e não trouxe roupa nem produtos de higiene e tal.. Não podem ser estes que cá ficam a tratar disso?", "Pois, não é duvidar das capacidades deles, mas tens que ser tu para isso correr bem..". Bem, se tinha de ser, que fosse.
"Tramado... Mas conseguiste fazer tudo?"
Calma! Que entretanto, quando desligo o telemóvel e fecho a porta da bagageira, soltei imediatamente um "Foda-se" porque me apercebi logo que me tinha esquecido das chaves lá dentro. Resultado: carro fechado com as chaves lá dentro. Sem saber o que fazer, ligo para o responsável pelos carros e pergunto o que fazer. A resposta é que, em primeiro e último caso, tendo em conta que a chave suplente estava em Lisboa, restava partir o vidro, e depois acionava-se o seguro. Pego num martelo e, um pouco a medo, bato 3 vezes no vidro para o tentar partir. Não partiu. Mas se eu fosse em andamento e uma pedra do tamanho de uma ervilha fosse contra o vidro, este desfazia-se em pó! Em desespero, ligo para o operário que já lá estava e digo-lhe o que se passa. Ele vai ter comigo e decidimos tentar abrir o carro por dentro, com a ajuda de uns arames. Arame apra aqui, arame para ali, lá conseguimos que a ponta encaixa-se na maçaneta e a porta se abrisse.
"Bolas! Então e depois disso?"
Depois disto, das portas estarem abertas, ficámos a perceber que a bagageira só se abria com a chave do carro.
"Mas se o carro já estava aberto, era fácil apanhar a chave.."
Nem por isso. os carros da empresa são todos comerciais, que têm a particularidade de ter um gradeamento a separar os bancos da bagageira. Assim, tivemos que andar à pesca com o arame a tentar apanhar a chave. Ao fim de 1hora com isto tudo, lá se conseguiu recuperar a chave, abrir a bagageira e continuar o trabalho.
"Nem me atrevo a perguntar se correu tudo bem depois, mas... E depois?"
Depois continuei o meu trabalho. Mas foi dificultado pelo material que o cliente forneceu. O cliente acha que uma imagem do Google Earth, vista a 400m de altura, com a localização dos trabalhos assinalados na imagem com um quadrado do tamanho da cabeça de um dedo, é percetível onde se têm de marcar! Acabei por perder quase 1hora só à procura dos sitios certos.
"Mas não houve nada que te corresse bem?"
Bem, a partir daqui, e quando fui até aos locais para fazer a reportagem fotográfica, a coisa correu relativamente bem. Tirando um ou outro muro e portão que tive que saltar, só voltei a ter chatices quando o GPS do equipamento (Trimble) deixou de apanhar satélites e rede e eu vi a minha vida a andar para trás por não conseguir tirar uma cota. Ao fim de 30 minutos de liga e desliga (sempre o conselho sábio do informático) aquilo lá voltou a funcionar e consegui acabar o trabalho.
"Então, assim, ainda voltaste para casa no próprio dia."
Sim, e ainda tive tempo de ir tirar uma foto à placa que diz Espanha e deixar lá um saco de lixo como agradecimento pelo que fizeram quando cá vieram ver a final da Liga dos Campeões. Saí de lá às 19h, parei duas vezes apra descanso, café e xixi, tive que levar com os máximos da gente atrasada mental que não sabe que são proibidos na autoestrada, passei pelo Mac de Alvalade para comer em casa e às 23:40 estava a entrar em casa. O que, bem visto, ainda era qaurta-feira.
"Ao menos, olha, comeste Mac."
Mas nem isso me correu bem, porque a merda das batatas não estavam bem fritas e o Big-Mac estava uma bela cagada com pão queimado e poucos molhos. Valeu-me o McFlurry de M&M's que estava cheio até acima!
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E vocês, também já tiveram um destes dias em que nada vos corre bem?