terça-feira, 7 de outubro de 2014

A minha primeira maratona - Maratona de Lisboa 2014

Já estou para escrever este post há, pelo menos, dois dias, mas no domingo a seguir à prova e ao almoço, deitei-me para descansar só 1horita e quando acordei eram quase 22h. Na segunda-feira, uma ida ao Algarve em trabalho, adiou-o de novo. Mas de hoje não passa.

Por onde começar? Nem sei! A verdade é mesmo esta. Já pensei várias vezes como iria começar este post, mas as emoções são tantas que torna dificil expressá-las por palavras. E terminar uma maratona é mesmo isto: uma emoção!

Comecemos então pela organização e percurso em si. Nunca tinha corrido uma maratona, portanto não tenho ponto de comparação, mas esta pareceu-me bastante bem organizada. Desde o transporte para o local com bastante antecedência, ao local de partida com espaço para todas as pessoas se prepararem, ao número de casas de banho disponiveis (claro que parecem sempre poucas quando 2000 pessoas querem ir ao mesmo tempo), à animação durante o percurso, ao número de postos de abastecimento, ao pormenor das bandeiras dos vários paises ao longo do passeio maritimo de Oeiras, às oferendas no final da prova. Se tivesse algum ponto menos positivo a apontar, seria ao facto de terem colocado um ponto de abastecimento no preciso local onde a meia-maratona dava a volta e onde a Maratona se juntava à meia-maratona. Foi a confusão total, com o pessoal a querer arrebanhar o máximo de géis possiveis. De resto, impecável.

Debrucemo-nos agora sobre a minha prova. Sentia-me preparado tanto a nivel fisico, como a nivel psicológico. Estava confiante, e, tirando algum nervosismo, pronto para percorrer os 42,195kms da prova. Passei o pórtico da partida e comecei a um ritmo não muito elevado, para aquecer melhor os músculos e para deixar o coração abrandar um pouco. Ao fim de 2kms (quando normalmente me aparecem as dores nas canelas), comecei a aumentar o ritmo até chegar ao que pretendia: 5'12" - 5'15". Ao km 6 estava a 5'13" e mantive-me nesse registo. O plano de bebida e comida ia traçado e fiz com que assim acontecesse. Como os abastecimentos de água eram a cada 2,5kms e não queria beber muita água para evitar paragens para "regar as couves", só iria beber água ao km 7,5 e depois a cada 5kms. Como tinha comido uma barra 30' antes da prova, o primeiro gel estava reservado para o km 15, aproveitando que ao km 20 haveria um posto de gel, e ainda teria outros dois para o km 27-28 e outro para o km 35-36, ou quando o posto de água estivesse próximo, para beber a seguir ao gel.

A primeira metade da prova foi feita sem qualquer esforço, sentia-me bem, sem dores, sem cansaço nas pernas ou falta de ar. Ainda antes dos 21kms, já eu tinha deixado para trás o marker das 4h e isso deixou-me muito feliz. Apesar disso, mantive o ritmo pois permitia-me acabar a prova em cerca de 3h50' (mais coisa, menos coisa). Passei o mítico km 30 e continuava bastante bem, excepto uma dor que me aparecia de vez em quando na perna direita, na zona do tendão de aquiles, que me obrigava a colocar o pé numa determinada posição durante algum tempo. Fui aproveitando alguns atletas como lebres, mantendo-me sempre atrás deles para manter o ritmo, nunca os deixando fugir muito nem os ultrapassando. Mas ali a chegar ao km 36 tive uma quebra enorme, as pernas pareciam que pesavam 2 toneladas e que não as conseguia mexer. Fui-me um pouco abaixo e abrandei consideravelmente o ritmo, tendo mesmo demorado quase 8' para fazer 1km (39-40).

Mas depois vi a placa dos 40, comecei a ver mais pessoas na rua a puxar por nós e o ânimo voltou. E vi o tempo por cima da placa 3h48'! Sabendo que o meu tempo de chip era menos 2', se acelerasse, ficava abaixo das 4h. Assim o fiz e cruzei a meta de braços no ar e a um bom ritmo. Parei o Runkeeper e marcava 3h58'57"! Tinha conseguido! Tinha ficado abaixo das 4h! Se ao ver a meta não consegui conter as lágrimas, menos o consegui quando percebi que tinha atingido ambos os objetivos que tinha para a prova. Foi, sem dúvida nenhuma, uma estreia emociante a todos os niveis.

Como li algures, numa maratona não há sorte de principiante nem heroismo de último km. Ou estamos preparados, ou ela derruba-nos! Sem dó nem piedade. Felizmente, estava preparado para a enfrentar e consegui dar-lhe a volta quando quase me quis derrubar. Sabia que ia ser duro, mas uma pessoa não sabe a verdadeira dureza até a fazer. Sei que devo ter cometido alguns erros durante a prova; talvez se tivesse começado mais lento na primeira metade e na segunda puxasse mais por mim, não tinha tido a quebra; se calhar o plano de alimentação não foi o melhor.... Não sei, mas sei que terminei e que tenho na Maratona do Porto, uma nova oportunidade de me voltar a superar.







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