terça-feira, 15 de outubro de 2013

Texto 5..

       Pais de todo o mundo e todas as pessoas que tiveram que tomar conta dos filhos dos outros, boa noite.

       Não encontro palavras suficientes que possam descrever o quanto estou arrependida que a vossa vida tenha sido severamente prejudicada com a minha tremendamente brilhante, mas um tanto ou quanto sádica, criação: O Noddy. 
      Como é que eu podia adivinhar que esta minha singela epifania, tomaria proporções tão grandes e avassaladoramente irremediáveis? E, embora eu me tivesse apercebido, a determinado momento, dos danos que poderia vir a causar, pela forma como, a pouco e pouco, a fui conduzindo directamente aos corações e mentes daqueles que, sem defesas ou filtros, não se conseguiriam defender – os vossos filhos -, terão que perceber que mais não quis do que proporcionar a todos grandes momentos de diversão. 
       As inúmeras dores de cabeça, as birras que os vossos filhos fizeram, as vergonhas que passaram com o espernear e o gritar dos vossos pupilos em plena loja de brinquedos, as horas nas filas para comprarem bilhetes para os espetáculos espalhados por todo o lado, as carteiras mais vazias por tanto merchandising que foi comprado, tudo isto causado pela minha criação, está para além daquilo que alguma vez sonhei e inversamente proporcional aos zeros que a minha conta bancária foi acumulando.
       Por isto, venho aqui, esta noite, humildemente, pedir o vosso perdão. Eu sei que estão no vosso direito de me odiarem, de me quererem fechar 24horas, 7 dias por semana, numa sala com a música do genérico a passar repetidamente até à minha loucura, até eu desejar não ter criado um estafeta que conduzisse um carro amarelo, a precisar que lhe abram as alas, qual cortejo principesco. 
      Mas peço que se lembrem dos bons momentos: dos sorrisos dos vossos filhos, das horas de descanso que tiveram enquanto os deixaram em frente à televisão, dos amigos que os vossos filhos fizeram, dos espetáculos onde conheceram aquele pai ou mãe solteira.
       E, para vos provar o quanto estou arrependida, decidi acabar permanentemente com o meu menino, o Noddy. Penso que esta atitude conta por mais do que qualquer dano que possa ter causado, especialmente por algo que vocês também teriam feito, tivessem tido a ideia de o criar antes de mim.

            Sinceramente,
            Enid Mary Blyton

4 comentários:

  1. Anónimo11:46:00

    Desta vez não matas ninguém, mas acabas com o Noddy!! lol gosto mais do teu do que do vencedor, só porque acabas com ele!

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    1. Mas estive quase para o matar! :D
      Para ser honesto, nem acho que o texto vencedor esteja muito de acordo com o tema, mas pronto...

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  2. Noddy, aquele ser que come crianças pelos miolos ao pequeno almoço. E ainda por cima usa um carro amarelo ... GAY!

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    1. Elah, isso não sabia eu... Pensei só que fosse mesmo um estafeta com a mania que é bom... :)

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Dá a tua aparadela..