terça-feira, 16 de julho de 2013

Aquela saia que dançava..

O balançar daquela saia, preta, às pregas, era hipnotizante.
Nem era bem uma saia, mas um vestido, curto e de verão. Começava nos ombros dela - numas alças com cerca de dois dedos de largura -, prolongava-se - em faixas horizontais brancas e pretas, da largura das alças - pelo seu estreito corpo e terminava a meio das suas coxas, bronzeadas pelo sol.
Era impossivel não olhar, desviar o olhar, deixarmo-nos e querermos ser enebriados pela sua dança.
A música que dava ritmo àquele corpo, àquele vestido, era um rock and roll dos anos 60, muito estilo Chuck Berry, o que proporcionava o movimento de anca certo para que o vestido ondulasse quase até altura proibitivas.

Eu, sentado num banco a pouco metros de distância, rodopiava na mão a terceira taça de vinho. Estava em hipnose completa. Nada do que me diziam me interessava. Ouvia vozes, ouvia risadas, julgo ter ouvido, por duas ou três vezes, chamarem pelo meu nome. Não queria saber disso. Estava completamente vidrado nos movimentos daquela rapariga que dançava no meio da sala, que mesmo rodeada pelo seu grupo de amigos, se destacava .

Estava neste estado há cerca de 5 minutos quando me apercebi que ainda não lhe tinha visto a cara. Apenas os seus cabelos pretos, cobrindo-lhe o pescoço até aos ombros, que dançavam ao mesmo ritmo da sua saia. Fez-me pensar que alma, corpo e material estavam em perfeita sintonia. Ao mesmo tempo, fiquei curioso por ver a sua cara, a expressão do seu rosto, o tamanho do seu sorriso, o brilho dos seus olhos. Foi precisavamente durante esse pensamento que ela rodou sobre as suas sabrinas e ficou virada para mim. Não ficou parada, virada para mim, mas durante o seu rodopio, aquele milésimo de segundo em que ficámos frente a frente, pareceu-me uma eternidade. O tempo parou naquele instante. Parou e consegui ver os seus lábios abertos num sorriso de completa felicidade, o seu nariz pequeno e direito, e os seus olhos, fechados, como se estivesse a saborear um momento só seu e estivesse num universo só dela. E foi isto que me fez sair da hipnose: o sentir-me um intruso no seu mundo, onde tinha entrado sem pedir permissão.

Dei um trago de vinho e voltei ao mundo daqueles que me rodeavam. Ouvi as mesmas histórias, as mesmas piadas, os mesmo queixumes. Ri-me do que já me tinha rido e soube das novidades que já soubera antes. Mas ela não me saía da cabeça. Continuava a observá-la desta vez de forma mais discreta, menos invasiva. Ela estava com o seu grupo, eu estava com o meu. Olhei para o relógio, marcava 02:14. Pensei que estaria quase na hora do pessoal se querer ir embora, que saíria dali sem sequer ver a cor dos olhos dela. Não passaram três minutos até que o seu grupo decidiu ir embora. Ao vê-los em direção à porta, pensei que tinha que fazer algo. Não a podia deixar partir assim. Dei mais um trago de vinho, como se fosse encontrar naquele liquído a coragem necessária para fazer o que queria, levantei-me e, antes dela sair porta fora, interpelei-a:

- Desculpa incomodar, mas tive a noite toda a reparar em ti e não me perdoaria se saísses daqui sem sequer saber o teu nome.

O nome era Carolina; os olhos, pretos e cheios de brilho.


19 comentários:

  1. :) A saia da Carolina...

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  2. Cusco... já não se pode dançar sossegada :)
    E ao menos ficaste com o contacto da Carolina?

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    1. Mas eu deixei-a dançar em paz, mas não podia ficar sem saber o seu nome! :)
      Não, nem o pedi sequer. :)

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  3. Anónimo14:43:00

    Eu ainda sou do tempo em que a saia da Carolina tinha um lagarto pintado :p Agora é preta.. o black chic da moda!!! :)

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    1. E quem disse que esta não tinha um lagarto pintado? :)
      Por acaso não tinha, mas foi só por acaso. :D

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    2. Anónimo17:56:00

      Gosto do texto na mesma :) e a Carolina faz bem em não ter lagartos xD

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  4. oh e eu a pensar k ia fazer uma narrativa mais picante afinal terminou mal começou...assim nao vale

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    1. Nem todas as histórias acabam dessa forma.
      Às vezes, só o sonhar com uma ideia, é melhor que a realidade em si..

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    2. farta de sonhar tou eu....

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    3. Então mas mesmo que se tivesse passado mais alguma coisa, continuarias a sonhar, mas com a minha realidade.. :)

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    4. oh please, se tivesse passado mais alguma coisa vinhas aki cantar de galo... wanna bet? :P

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    5. Eu não conto tudo o que se passa, trust me! :)

      E vai na volta, até já posso, ou não, ter contado algumas que nem sequer aconteceram.. :)
      guess we'll never know! :D

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    6. lool tava a brincar ctg. acredita em mim kd t digo k prefiro elas assim ... a meio caminho :P promenores nao pk eu sou menor

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  5. Música, dança, saias a balouçar e a subir, vinho a descontrair:)
    Vários elementos inocentes que misturados se tornam explosivos!!
    Gosto disso:-p

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    1. Desta vez a única coisa que explodiu foi a minha curiosidade em saber o nome dela! :)

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  6. Modestia à parte, é um belo nome... :p

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    1. É verdade, sim senhora! :)
      O membro mais novo da minha familia, com 4 meses, também se chama Carolina! :D

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    2. Se for como eu nunca se vai queixar do nome :)

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